Amazônia e Inteligência Artificial: um vínculo estratégico

A tecnologia é ferramenta chave para a proteção ambiental. Assim, no Dia da Amazônia, é fundamental discutir a conexão cada vez mais próxima entre o uso de tecnologias que adotem Inteligência Artificial (IA) como ferramenta de análise de informações estratégicas. Embora, em um primeiro momento, possam parecer tópicos distantes, o uso da IA tem um potencial significativo de aperfeiçoar o monitoramento das atividades humanas em áreas protegidas, planejamento de operações de fiscalização e a mitigação dos problemas ambientais identificados, sendo fundamental para a preservação da Floresta Amazônica.

Há uma série de iniciativas governamentais e privadas, no Brasil e no mundo, que buscam tornar mais eficiente o processamento de dados obtidos a partir do monitoramento da Floresta, para delimitar as atividades econômicas compatíveis com a preservação ambiental e para a definição de políticas públicas.

O Brasil, em 2023, foi o segundo país do mundo em buscas relacionadas a questões climáticas, de acordo com o Google Trends.[1] Empresas como o Google têm lançado inciativas voltadas às questões ambientais como o Earth Timelapse – que permite visualizar o avanço das transformações climáticas no planeta nos últimos 40 anos –, e o Digitais da Floresta – que, em parceria com a The Nature Conservancy, permite o rastreamento de madeira extraída ilegalmente.[2] Outras empresas também lançaram iniciativas próprias voltadas à questão ambiental, como o Planetary Computer – database ambiental da Microsoft– e a Earth on AWS[3] – uma database geoespacial da Amazon. Esses dados estão sendo utilizados por diversas instituições, incluindo a NASA, para orientar suas decisões.[4]  Sistemas de observação por satélite fundamentais para o combate ao desmatamento do bioma, como o Prodes e Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vêm sendo aplicados cada vez mais em iniciativas de mapeamento que fazem uso de IA.[5] Mecanismos e instrumentos criados para promover a proteção da Floresta e fomentar a bioeconomia, como o Pagamento por Serviços Ambientais e o REDD+, também tendem a serem impulsionados com o emprego da tecnologia.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) está adotando sistemas de IA para analisar informações em larga escala, por exemplo, por meio da Sala de Situação Ambiental Mundial (World Environment Situation Room – WESR). David Jensen, coordenador do programa de transformação digital do PNUMA, enfatiza que a inteligência artificial pode ser crucial para o monitoramento ambiental global. A WESR busca ser uma para indicadores ambientais a nível global.[6]

Essas iniciativas estão alinhadas com os objetivos da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima e do governo brasileiro, que busca eliminar o desmatamento na Amazônia até o final da década.[7] Este objetivo pode se beneficiar de uma visão atualizada e qualificada do statusde conservação da floresta, pois o monitoramento destes dados via inteligência artificial permite aperfeiçoar e potencializar o mapeamento de mudanças de padrão em tempo real. Segundo dados da WWF, a exploração predatória de áreas preservadas da Floresta Amazônica corresponde a 95% da produção de madeira na região. A possibilidade de mapeamento constante das áreas que estão sendo exploradas por meios automatizados passa a permitir que analistas humanos dediquem o foco de suas análises às regiões que sejam previamente sinalizadas pelo modelo computacional. O emprego da IA no monitoramento de cadeias produtivas da agricultura e da pecuária podem garantir a efetividade do combate ao desmatamento, beneficiando também as empresas que se somam às coalizões de defensores da Amazônia. Soluções deste tipo já estão sendo oferecidas por empresas como a Terras App Solutions, uma startup que realiza rastreabilidade completa da produção agropecuária – do nascimento ao abate do boi, e da soja colhida à soja embarcada.

Além disso, aplicações conexas como o reconhecimento de imagem para identificar caça e pesca ilegais, ou para acompanhar à distância o desenvolvimento de espécies ameaçadas de extinção já possuem experiências bem-sucedidas[8], sendo fundamental para a concretização dos objetivos pactuados na Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade.  

Assim, essa conexão entre a Amazônia e a Inteligência Artificial deve estar no centro do debate, pois a inovação tecnológica pode auxiliar a preservação ambiental quando aplicada com esse objetivo. O fomento dessas e de outras iniciativas de preservação ambiental é essencial para os objetivos de um desenvolvimento sustentável, e a tecnologia tem o potencial de ser uma importante aliada.

 

Referências

[1] https://exame.com/esg/como-os-greenglers-os-googlers-do-esg-pretendem-usar-o-google-para-preservar-a-amazonia/

[2] https://exame.com/esg/como-os-greenglers-os-googlers-do-esg-pretendem-usar-o-google-para-preservar-a-amazonia/

[3] https://aws.amazon.com/earth/

[4] https://youtu.be/Sh7FB-tkYXM

[5] http://www.obt.inpe.br/OBT/noticias-obt-inpe/nova-pesquisa-com-a-participacao-do-inpe-usa-inteligencia-artificial-no-mapeamento-de-larga-escala-de-palmeiras-na-amazonia

[6] https://www.unep.org/news-and-stories/story/how-artificial-intelligence-helping-tackle-environmental-challenges

[7] https://www.reuters.com/world/americas/brazils-lula-launches-plan-stop-deforestation-amazon-by-2030-2023-06-05/?utm_source=cbnewsletter&utm_medium=email&utm_term=2023-06-06&utm_campaign=Daily+Briefing+06+06+2023

[8] https://ts2.space/en/the-use-of-artificial-intelligence-in-environmental-monitoring/#google_vignette

Ao usar nosso site, você concorda com nossa Política de Privacidade e uso de cookies.